Luís Silvério & Filhos tem nova unidade industrial em Valado dos Frades
A Luís Silvério & Filhos tem uma nova unidade de transformação que promete fazer a diferença no mercado. O objetivo é ter produtos diferenciados. É um investimento de 16,5 milhões de euros e tem capacidade de 15 mil toneladas de peixe congelado, dez mil toneladas de peixe refrigerado e 840 toneladas de peixe salgado ou seco.
Fundada em 1987, a Luís Silvério & Filhos está agora a entrar numa nova era da sua história. Mas, antes disso, é importante recordar o início desta bonita história. O gosto pelo mar e por toda uma vida dedicada ao peixe estiveram na origem de uma empresa que vigora há mais de 30 anos no mercado nacional. A Luís Silvério & Filhos teve início em 1987 e o seu crescimento tem sido significativo até aos dias de hoje. O casal Luís e Odília Silvério são os fundadores do negócio e os responsáveis por uma atividade que muito respeita todos os produtos que provêm do mar. Luís Silvério nasceu em Torres Vedras e desde cedo começou a seguir os passos da família. “Já o meu avô vendia peixe nas aldeias”, diz. O neto seguiu as pisadas do seu discípulo e adquiriu o gosto pelas lides piscatórias. “Larguei os estudos e fui trabalhar para Peniche com o meu irmão. Ia muitas vezes para Lisboa e para a Ribeira Nova vender peixe, como motorista”, conta. Após um período a trabalhar com o irmão, na qual dividiam uma sociedade em Peniche, Luís abre portas a uma nova experiência e parte para a Nazaré. É na vila portuguesa que o casal Odília e Luís se estabelecem e onde começam a construir a Luís Silvério & Filhos. “Os primeiros passos foram a trabalhar no duro, dia e noite, e com apenas cinco ou seis empregados. Primeiro começamos com um armazém pequeno e depois quando se fez o porto de pesca alugamos um armazém. Finalmente, em 1989, fizemos a fábrica de congelação e, em 1996, construímos um grande armazém dedicado ao peixe”, relembra. No que concerne à atividade do negócio piscatório, a empresa dedica-se única e exclusivamente à comercialização do pescado fresco e congelado. Agora, um futuro novo está a entrar pelas portas da Luís Silvério & Filhos.
Nova unidade industrial
É um projeto já pensado desde 2015, mas só agora está de portas abertas. Luís Silvério tinha o sonho de construir uma nova unidade industrial e assim o conseguiu. Localizado na zona industrial de Valado dos Frades, o espaço, num terreno de 33 mil metros quadrados e com uma fábrica com 9500 metros quadrados de área coberta, permite sonhar alto. As antigas instalações, no Porto de Abrigo da Nazaré, vão dar apoio às lotas e às vendas a retalho. A ideia de Luís Silvério é ter produto praticamente pronto a consumir, sem precisar de grande preparação. “Este investimento foi pensado para o futuro dos nossos jovens e para a sociedade atual, onde todos trabalham e há pouco tempo para se preparar uma boa refeição. Quisemos ter um produto em que as pessoas chegam ao supermercado e levam para casa, que o possam cozinhar sem ser preciso ter mais nenhum tipo de preparação no pescado. Vamos fazer pescado de robalo, ou dourada completamente escamado, sem espinhas, aberto, já ao ponto de sal, para a pessoa abrir a embalagem e colocar no forno ou grelhar.
Trata-se de um investimento de 16,5 milhões de euros, apoiado por fundos europeus de 6,5 milhões de euros. A obra resulta do “sonho” do empresário Luís Silvério, que ambicionava “ter a fábrica número 1 na Península Ibérica”. A capacidade de produção da nova unidade é de 15 mil toneladas de peixe congelado, dez mil toneladas de peixe refrigerado e 840 toneladas de peixe salgado ou seco. Tal aumento da capacidade de armazenamento e congelação permite à empresa não depender da inconstância da pesca, equilibrando, desse modo, os níveis entre a oferta e a procura.
O projeto encontra-se concluído, mas a chegada da pandemia de Covid-19 veio atrasar o início da produção a 100%.
Tecnologia e mão-de-obra
Ambas são importantes, e ambas são es senciais ao funcionamento da Luís Silvério & Filhos. A aposta em tecnologia foi forte nesta nova unidade industrial. Está coberta com 1250 painéis solares fotovoltaicos com capacidade de 360 megawatts cada um. Os painéis conseguem gerar 30% das necessidades energéticas da fábrica, que também tem uma estação de tratamento de resíduos. No interior são várias as salas de congelação, de lavagem, tratamento do peixe, linhas de embalamento. Contudo, há uma sala que se destaca, a conhecida ‘Sala Branca’, uma sala para embalar peixe fresco que tem atmosfera renovável, o que impede a existência de bactérias. “A tecnologia é importante, mas a mão-de-obra também. As máquinas sem mão-de-obra qualificada não funciona. Neste momento, estamos a afinar a mão- -de-obra, pois aqui nesta região não existiam pessoas com experiência neste setor. Estamos a preparar as pessoas a pouco e pouco”.
Impacto da Covid-19
Para além do atraso na nova unidade industrial, a pandemia de Covid-19 trouxe também impactos à restante atividade da Luís Silvério & Filhos. “Teve um impacto grande porque fornecemos alguma restuaração directamente, mas também indirectamente, porque temos clientes grossistas, como a Makro. Em Abril de 2019 faturamos cerca de 2 milhões e 240 mil euros, e em 2020 ano registamos um milhão e 400 mil euros, para o mesmo período. Por aí vê-se a diferença”, atira.
A faturação anual da empresa ronda os 22 milhões de euros, com a exportação a representar 10% do volume de negócios, essencialmente para países com comunidades portuguesas.
Com a nova fábrica deverá atingir os 30%. Para tal, a empresa quer, por um lado, ganhar quota de mercado e, por outro, alargar a rede exportadora a outros destinos.
in Revista Lusopress n.º 111
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